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Foto do escritorFábio Martins Fonseca

Automutilação em Jovens e Adolescentes

Atualizado: 18 de dez. de 2024


Automutilação em jovens

A Automutilação: Entendendo o Comportamento e Como Buscar Ajuda


A automutilação é definida como qualquer comportamento intencional que cause danos ao próprio corpo, sem intenção consciente de suicídio. Esse comportamento, muitas vezes repetitivo, pode ocorrer em formas como cortes na pele, queimaduras e autoagressões físicas, geralmente nas áreas dos braços, pernas e abdômen. Embora frequentemente associada a adolescentes e adultos jovens, é mais comum do que se acreditava anteriormente.


Por Que a Automutilação Ocorre?


A automutilação é geralmente uma tentativa de lidar com emoções negativas intensas, como raiva, tristeza ou sensação de vazio. Ela pode ser uma forma de autopunição ou uma maneira de aliviar o desconforto emocional. Apesar de frequentemente ocorrer sem intenção suicida, é essencial avaliar o risco, pois pode estar associada a outros transtornos mentais ou comportamentos suicidas.

Anteriormente considerada exclusiva de transtornos mentais graves, sabe-se hoje que a automutilação pode ocorrer em pessoas sem diagnósticos clínicos evidentes, muitas vezes sem acesso a tratamento adequado. Esse comportamento, quando ignorado, pode evoluir para condições mais graves, incluindo tentativas de suicídio.


Principais Formas de Automutilação


  • Cortar-se ou queimar-se;

  • Bater no próprio corpo;

  • Beliscar-se ou interferir na cicatrização de feridas;

  • Quebrar ossos intencionalmente ou ingerir substâncias tóxicas.


Geralmente, esse comportamento começa na adolescência, período marcado por impulsividade e reatividade emocional. Muitos adolescentes relatam pouca ou nenhuma sensação de dor ao se machucarem, e o comportamento pode adquirir características viciantes, tornando-se difícil de interromper.


Fatores de Risco e Prevalência


Estudos indicam que:

  • Entre 13% e 23% dos adolescentes se envolvem em automutilação, com taxas mais altas em pesquisas recentes (até 50%);


  • Adolescentes que se automutilam frequentemente relatam tentativas de suicídio anteriores, com 70% tendo pelo menos uma tentativa e 55% várias.


Embora existam discrepâncias quanto à prevalência entre meninos e meninas, a automutilação é um problema significativo em ambos os sexos.


Automutilação e Tentativas de Suicídio


Embora distinta do comportamento suicida, a automutilação pode coexistir com ele. Para alguns adolescentes, machucar-se é uma tentativa de lidar com pensamentos suicidas, agindo como um mecanismo temporário de controle emocional. Isso torna essencial diferenciar as motivações e tratar ambas as condições de maneira adequada.


Tratamento e Acompanhamento


O tratamento para automutilação deve ser multidisciplinar, incluindo:


  1. Acompanhamento Médico Psiquiátrico: Para avaliar e tratar possíveis comorbidades, como depressão ou ansiedade.


  2. Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Identifica gatilhos emocionais e ensina estratégias práticas para lidar com eles


  3. Terapia Dialética Comportamental (TDC): Particularmente eficaz em casos graves, ajuda a desenvolver habilidades como:


    • Consciência Plena (Mindfulness): Para lidar com emoções de maneira mais equilibrada.


    • Tolerância ao Mal-Estar: Aprender a suportar situações desconfortáveis sem recorrer à automutilação.


    • Regulação Emocional: Identificar e gerenciar emoções intensas.


    • Eficácia Interpessoal: Melhorar a comunicação e os relacionamentos.


Como Identificar e Abordar o Problema


Se você acredita que alguém próximo pode estar se automutilando, aqui estão algumas perguntas úteis para iniciar a conversa:


  1. Alguma vez você cortou ou feriu sua pele intencionalmente?

  2. Já se machucou de propósito, como bater ou queimar-se?

  3. Quando se machucou, estava tentando aliviar alguma emoção difícil?

  4. Isso aconteceu diante de outras pessoas ou em segredo?

  5. Alguma vez pensou em se machucar como forma de lidar com a ideia de se machucar mais gravemente ou de se suicidar?


Como Oferecer Apoio


  • Acolha Sem Julgamentos: Demonstre empatia e escute sem críticas.

  • Valide os Sentimentos: Mostre compreensão pela dor emocional da pessoa.

  • Oriente a Busca por Ajuda Profissional: Encaminhe para psicólogos ou psiquiatras especializados.

  • Evite Pressões ou Minimizações: Não diminua o sofrimento nem force soluções rápidas.


Lembre-se de que a automutilação, embora alarmante, é uma forma de comunicação emocional. Com acolhimento e o tratamento certo, é possível superar esse comportamento e desenvolver formas saudáveis de lidar com as emoções.


Dr. Fábio Martins Fonseca é psiquiatra e psicoterapeuta com mais de 20 anos de experiência. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia Comportamental Dialética, possui formação pela UNICAMP e certificações internacionais. Oferece atendimento personalizado, baseado em evidências, presencial e on-line, em português e inglês.

Contato:📞 (19) 4141-9003 | 📱 (19) 99184-0456📧 fabiomfonseca@uol.com.br



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